A Festa da Purificação em Prado une cultura tradicional da marujada e religiosidade católica

Franedir Gois
06 de fevereiro de 2023
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Franedir Gois/Riquezanossa

Em fevereiro de 2013, com presença do bispo diocesano de Teixeira de Freitas, dom Carlos Alberto, a Festa da padroeira da cidade do Prado, Nossa Senhora da Purificação fortaleceu o engajamento da Cultura Tradicional, representada pelos marujos, com a celebração católica que homenageia Nossa Senhora a Mãe de Jesus.

Presença de autoridades políticas, fieis devotos, comunidade orante e cantante que muito bem abrilhantou a liturgia trouxe a importância da cultura de raiz para o seio da Igreja para fortalecer a fé e devoção do povo de Deus.

Para que o mistério de Cristo seja “dado a conhecer a todos os gentios, para levá-los à obediência da fé” (Rm 16,26), deve ser anunciado, celebrado e vivido em todas as culturas, de sorte que estas não sejam abolidas, mas resgatadas e realizadas por ele”. E mediante sua cultura humana própria, assumida e transfigurada por Cristo, que a multidão dos filhos de Deus tem acesso ao Pai, para glorificá-lo, em um só Espírito.

A cultura como uma expressão do mais característico e mais íntimo do ser, agir, sentir e valorizar de um povo inclui, obviamente, a experiência religiosa de um povo. Enquanto isso, também a religiosidade de um povo (expressa em seus livros, crenças, festas e rituais) imprime de alguma forma a sua marca na cultura. Portanto, quando um povo tem recebido em sua história a fé cristã, a sua liturgia interage com a cultura numa simbiose mais ou menos bem sucedida, mas real. Duas palavras-chave explicam como ele funciona, ou, pelo menos, como pode funcionar essa interação: são as palavras aculturação e enculturação.

Aculturação: É a introdução de uma mudança ou modificação em um rito litúrgico para uma melhor inserção dos fiéis na liturgia. Aculturação envolve sempre se mudanças mais ou menos significativas no rito litúrgico estabelecido. Assim, a liturgia romana se “aculturou” (= acomodou-se) à cultura desses povos.

Inculturação: É a reinterpretação e transformação de um rito não-cristão para que ele possa tornar-se parte de um rito litúrgico, mas de forma que expresse o mesmo que expressa o rito litúrgico. A inculturação comporta mudanças mais ou menos profundas do rito não-cristão, mas respeitando a forma própria de uma cultura. Para realizar a inculturação é preciso, entre outras coisas que o gênio e a cultura de um povo e suas expressões simbólicas, linguísticas e rituais sejam muito bem conhecidos. Um exemplo: A unção pré-batismal não estava no rito batismal dos primeiros séculos; ele foi tirado da cultura e ritualidade pagãs ; mas lhe foi dado um sentido cristão.

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